PROJETO: RECUPERAÇÃO DE NASCENTES DO RIO ITAÚNAS, BARRA DE SÃO FRANCISCO, ESPublicado em 26/07/2017
RESPONSABILIDADES
RESUMO
A água é apontada como um
recurso natural de altíssimo valor econômico, estratégico e social, já que
todos os setores da atividade humana necessitam dela para desempenhar suas
funções.
As Nascentes, principalmente as de cabeceiras, devem
ser tratadas como algo de mais importante que existe em uma propriedade, pois
são elas as responsáveis pela existência dos cursos d’água, que por sua vez,
são fontes de água valorosas para a humanidade.
A proposta sob a direção da ONG Sentinela
Francisquense envolve diretamente 83 famílias de pequenos agricultores e visa
recuperar e proteger 81 nascentes, que contribuem para a formação do curso
perene do Rio Itaúnas. Estão localizadas à montante da barragem onde se capta e
distribui a água pela CESAN - Companhia Espírito Santense de Saneamento, no
município de Barra de São Francisco-ES. Juntas, as nascentes formarão uma área
estimada de 22,45 hectares reflorestados com espécies nativas, típicas de mata
atlântica e comumente encontradas na região.
Toda a mão-de-obra para
execução do projeto será voluntária, sendo o total de custo estimado
direcionado à aquisição de insumos necessários para implantação do programa
(Tabela 3).
INTRODUÇÃO
As
agressões ambientais causadas pelas atividades Agropecuárias e seus reflexos no
solo, nas matas e nascentes, nem sempre são percebidas pelos produtores rurais,
em curto espaço de tempo, podendo levar até mesmo, várias décadas. O
uso das terras para a agricultura que envolve também as pastagens extensivas
sem o manejo adequado, leva ao desequilíbrio ambiental, à diminuição da
qualidade produtiva das terras e comprometimento da disponibilidade hídrica (Zanzarini,
R,M & Rosolen, V.) Se por um lado, a agricultura
consome cerca de 70% da água doce (MMA, 2017), a pecuária pode ser a causa de
importantes impactos sobre os cursos d’água devido à prática de dessedentação
diretamente no corpo hídrico e pela compactação dos solos através do pisoteio.
Os proprietários rurais devem ter a consciência dos problemas relacionados com
suas práticas de produção agropecuárias, para poder compreender que a
manutenção das nascentes dos rios e córregos no interior de sua propriedade,
são necessárias para o funcionamento hídrico da bacia e, concomitante, pelo
prosseguimento da vida, pela manutenção da produção agrícola, agroindustrial,
industrial e comercial, com fortes impactos sobre a economia local. É
necessário compreender todo o processo, para internalizar a extrema necessidade
de mudança dos modos de produção. JUSTIFICATIVAS
·
Segundo informações disponíveis no site do
Incaper, a Região de Barra de São Francisco, tem uma série histórica de
precipitação média na ordem de 900 mm/ano; ·
Segundo informações da Secretaria Municipal
de Agricultura de Barra de São Francisco, no ano de 2015, a precipitação máxima
foi de 482,5 mm; ·
Em virtude da pouca recarga dos lençóis
freáticos, as nascentes não foram capazes de manter o fluxo d’água no ano de
2015, o que resultou em perdas no campo e racionamento de água na cidade; ·
Segundo informações da Secretaria Municipal
de Agricultura de Barra de São Francisco, no ano de 2016, a precipitação máxima
foi de 936,4 mm; ·
Segundo informações da Secretaria Municipal
de Agricultura de Barra de São Francisco, o ano de 2016, embora as
precipitações tenham atingido a média histórica, houve um período de estiagem
que durou 9 meses, de fevereiro a outubro, com uma precipitação de 200,4 mm
neste período, o que fez com que mais de 60% das nascentes secassem; ·
Fazer represas é apenas um paleativo, que
torna a água disponível por alguns meses, tendo em vista que na região, segundo
dados do Incaper, a evapotranspiração potencial (que é a quantidade de água que
evapora em um único dia, por m² de área) pode chegar a mais de 6,2 mm/m²/dia.
Isto significa 6,2 L de água por metro quadrado por dia, ou seja, 62.000 L por
hectare por dia;
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
·
Executar a recuperação de 81 nascentes, utilizando-se de técnicas disponíveis para
maximizar a infiltração de água no solo e evitar o assoreamento dos corpos
d’água, protegendo e reforçando as áreas de recarga hídrica no entorno das
nascentes, num raio pré-determinado, disponibilizado de acordo com a
consciência e disponibilidade de cada produtor. ·
Este recurso visa a implantação de caixas
secas, cercas com 4 fios de arame e mourões de eucalipto tratado, aquisição de
mudas, aberturas de covas, compra de adubos, aplicação de adubo, plantio,
replantio, execução de aceiros, capinas, execução de coroamentos, roçadas,
fretes, combate a pragas e doenças, etc... E acompanhamento técnico por um
período de 4 anos, a partir do qual, as plantas já estarão completamente
estabelecidas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·
Aquisição de insumos e mão de obra para a
execução de reflorestamento no entorno das nascentes; ·
Execução de caixas secas nas áreas de
recarga, visando o reabastecimento do lençol freático e minimizando o
assoreamento dos cursos d’água e os efeitos das enchentes; ·
Despertar nos produtores rurais a necessidade
da preservação dos mananciais como forma de sustentar os investimentos na
agropecuária; ·
Realizar procedimentos técnicos científicos
que demonstrem que as técnicas utilizadas são eficazes na restauração e
recuperação de nascentes, passando da ideia empírica para a comprovação
científica; ·
Mobilizar a sociedade urbana e rural, em
ações de educação ambiental e mutirões de plantio, visando a participação
popular no processo de recuperação das nascentes.
MATERIAIS E METOLOGIA ADOTADA
Embora o Código Florestal,
Lei 12.651 exija proteção no entorno das nascentes num raio de 50 metros, este
projeto foi concebido levando-se em consideração a consciência e compreensão de
cada produtor, que de forma voluntária, cedeu a área a ser recuperada, conforme
demonstrando mais adiante. Todo o projeto foi pensado
para ser desenvolvido em mutirão, unindo pessoas e contribuindo para mudanças
de posturas, de forma a internalizar o conceito e a prática da sustentabilidade.
Esta união entre as pessoas prevalece desde a concepção do projeto, durante o
levantamento das nascentes e das propriedades que serão beneficiadas. O projeto terá um custo
aproximado de R$173.000,00 (cento setenta e três mil reais), destinados para a
compra de materiais e insumos. Este valor será oriundo de empresas e parceiros
que estão abraçando a causa e será gerido e administrado pela ONG Sentinela
Francisquense, que fará as devidas prestações de conta. A operacionalização do
projeto terá início no domingo, 12 de março, com o cercamento das primeiras
nascentes. Nesta etapa, em cada nascente pré selecionada, serão realizadas as
seguintes ações: execução de cercas, marcação de covas, abertura das covas,
execução de coroas no entorno das covas, aplicação de adubos e execução de
aceiros. Após o término dessas operações, novo mutirão será formado para a
efetivação do plantio. Os tratos culturais e a manutenção do reflorestamento
será de responsabilidade do produtor rural, titular do imóvel onde a nascente
se localiza.
Tabela 3. Levantamento de
custos estimados para aquisição de insumos.
IMPORTÂNCIA
DO PROJETO
Nas
propriedades rurais onde estão localizadas as Nascentes, as principais
atividades econômicas se enquadram no agronegócio. Nelas se encontram segmentos
diversos, como cafeicultura, pecuária, horticultura e fruticultura. As 81
nascentes cadastradas estão distribuídas por 46 pequenas propriedades, sendo
que destas, apenas uma, tem mais de 50 ha de área. Nestas propriedades, a
utilização das terras são principalmente para subsistência do grupo familiar,
estando distribuídas da seguinte forma:
35,7%
das 46 propriedades tem como atividade principal a prática da pecuária,
principalmente leiteira; 8,17% delas tem como atividade principal a
cafeicultura; e, 3,7% desenvolvem a prática da horticultura/olericultura.
Dentre
as 46 propriedades integrantes deste projeto, 52,56% (26 propriedades) adotam a
prática de atividades econômicas secundárias. Deste total, 15,58% cultivam
café; 5,19% desenvolvem a prática de horticultura/olericultura; 4,15 %
desenvolvem a pecuária leiteira; 1,4% cultivam banana; e, 1,4% cultivam arroz. As
nascentes abrangidas pelo projeto, estão distribuídas da seguinte forma:
Distribuição espacial das nascentes
RESULTADOS
ESPERADOS Esperamos que esta proposta seja abraçada por todos os
cidadãos e cidadãs de Barra de São Francisco, que poderão contribuir de várias
maneiras, seja por meio de doação financeira ou por doação de força de
trabalho; levar família para ajudar a plantar mudas no entorno de uma nascente
poderá ser um bom programa de domingo. Sejam quaisquer as formas de contribuição, o
maior legado será a união das pessoas em prol de uma causa comum,
internalizando a urgência de mudar o nosso modo de produção agropecuária,
industrial e econômica, sinalizando para novas ações e novos caminhos. |
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
Visualizações: 1076
Autor:
Site atualizado há 2 anos, 20 meses e 17 dias, 23 horas e 21 minutos .
Layout responsivo min 320px, max 1250px © Copyright 2004 - 2025 | Desenvolvido por