A importância do estudo de tensões naturais e induzidas na lavra de maciços rochososPublicado em 21/07/2017 A ANPO em parceria
com a ABIROCHAS estão desenvolvendo um
projeto denominado (Estudos de Minimização das tensões Naturais e induzidas na
lavra de maciço rochosos). Pode-se
inclusive presumir que, pela natureza do problema enfocado, nenhuma frente de
lavra estará livre de sua manifestação caso não sejam efetuados estudos
orientativos e tomadas medidas preventivas. Fato é que não existem
levantamentos conclusivos a respeito do assunto, capazes de produzir resultados
favoráveis em frentes de lavra já operantes ou em novas ocorrências
promissoras. O problema persiste e poderá se tornar um gargalo relevante, tanto
econômico quanto ambiental – pelo maior volume de rejeitos da lavra – para a
sustentabilidade brasileira no setor de rochas ornamentais. Disse Engª. Geól.
Dr.Tânia Maria Evangelista A coordenação
internacional deste projeto esta a cargo do Geól. consultor da ABIROCHAS Dr.
Sidi Chiodi expert e conceituado no assunto, umas das maiores autoridades no
setor. A nível Nacional o projeto esta sendo desenvolvido sob a responsabilidade
da Dr. Tânia Maria Evangelista Engª e Geól.
com vasta experiência e vivencia no estudo dos maciços capixabas. Pela ANPO o
diretor Mario Imbroisi vem atuando como interlocutor entre as Universidades
Italianas e Portuguesas na capacitação e experiências vivenciadas por estes países.
Segue abaixo
uma síntese do projeto elaborado pela Dr. Tânia: A importância do estudo de
tensões naturais e induzidas na lavra de maciços rochosos Engª. geól. Tânia Maria Evangelista,
M.Sc. Crenaque Consultoria - www.crenaque.com.br
O Brasil detém um excepcional potencial
geológico para materiais diversificados e de rara beleza, ocupando lugar de
destaque entre os grandes produtores e exportadores mundiais de rochas
ornamentais e de revestimento. A dinâmica competitiva desses grandes players
globais exige o constante aprimoramento dos produtos comercializados, o que, na
atividade extrativa, envolve a melhoria dos índices de recuperação na lavra e a
consequente diminuição dos custos operacionais. A viabilidade econômica de
aproveitamento de uma ocorrência de rochas vocacionadas para o setor,
independentemente da beleza do material objetivado é, a propósito, muitas vezes
condicionada aos índices possíveis de recuperação na lavra. As condicionantes competitivas das
atividades de lavra são igualmente rigorosas nos processos de beneficiamento,
para agregação de valor ás matérias-primas. As empresas do setor vêm assim
realizando expressivos investimentos na expansão e modernização de suas
unidades fabris, bem como implantando novas unidades junto aos polos
minero-industriais existentes nas regiões sudeste e nordeste do Brasil.
Dispondo-se de uma adequada infraestrutura de transporte entre os polos
produtores e os principais centros brasileiros de consumo e portos de embarque
para exportações, o Brasil poderá assumir vantagens comparativas e competitivas
duradouras nos mercados nacional e internacional do setor de rochas. As iniciativas empresariais e
governamentais, centradas na melhoria da capacidade produtiva e em obras de
infraestrutura, poderão ser, no entanto, comprometidas por um problema grave e
silencioso, ainda não solucionado, incidente nas atividades de lavra e,
portanto, na base de toda a cadeia do setor de rochas. Tal problema resulta do
desequilíbrio de tensões naturais e induzidas durante a lavra de maciços
rochosos, tornando-se responsáveis pela geração de descontinuidades
físico-mecânicas e por uma redução variável – mas nunca pouco expressiva – dos
seus índices de recuperação. O desequilíbrio de tensões e suas consequências
tornaram-se bem conhecidos, durante as décadas de 1980 e 1990, no denominado
polo Candeias, em Minas Gerais, onde várias frentes de lavra foram
inviabilizadas ou tiveram seu aproveitamento fortemente prejudicado. Como era previsível, o mesmo problema
está agora se repetindo nas regiões noroeste do Espírito Santo e norte-nordeste
de Minas Gerais, além do estado do Bahia e outros da região nordeste do Brasil.
Pode-se inclusive presumir que, pela natureza do problema enfocado, nenhuma
frente de lavra estará livre de sua manifestação caso não sejam efetuados
estudos orientativos e tomadas medidas preventivas. Fato é que não existem
levantamentos conclusivos a respeito do assunto, capazes de produzir resultados
favoráveis em frentes de lavra já operantes ou em novas ocorrências
promissoras. O problema persiste e poderá se tornar um gargalo relevante, tanto
econômico quanto ambiental – pelo maior volume de rejeitos da lavra – para a
sustentabilidade brasileira no setor de rochas ornamentais. Algumas hipóteses têm sido aventadas,
por profissionais atuantes na área de lavra, para o aparecimento de fissuras e
fraturas durante o desmonte de blocos em maciços rochosos. As descontinuidades
formadas podem ser observadas ainda no próprio maciço rochoso, ou até
manifestar-se a partir da individualização e serragem dos blocos, pelo
quebramento destes ou de suas chapas. É comum o avivamento de fraturas de
alívio paralelas/subparalelas à superfície dos relevos, em um processo de
“acebolamento” ou esfoliação esferoidal dos maciços, quer de rochas isótropas
quanto anisótropas. Outras situações de fraturamento são também verificadas
durante a lavra de maciços, em condições diversas daquelas de acebolamento. Afinal,
a redistribuição e/ou concentração de tensões no maciço rochoso decorrentes da
lavra de blocos, podem acarretar e propagar descontinuidades em bancadas e
pranchas, comprometendo o aproveitamento das reservas existentes. No polo Candeias, com operações
atualmente restritas a poucas frentes ativas de lavra, suspeitou-se que a
formação de trincas e fraturas/fissuras estivesse parcialmente relacionada à
tração exercida pelo laço dos fios diamantados nos cortes de avanço. Até onde
se sabe, não houve aprofundamento de estudos que confirmassem essa suspeita.
Outra hipótese, ainda para o polo Candeias, referia-se ao posicionamento geral
da foliação dos granitos movimentados multicores ali explorados. Tal foliação,
quando concordante ou subconcordante à inclinação do talude da frente de lavra
no maciço, também contribuiria para o aparecimento de descontinuidades, pela
eliminação da contrapressão – de fora para dentro – anteriormente exercida pelo
volume de material desmontado. O acebolamento dos maciços, como fenômeno
natural de alívio das tensões de carga, recomendava que a situação ideal de
lavra seria a de uma evolução vertical descendente (do topo para a base do
maciço). Em cada nível de bancada, o desenvolvimento poderia ser concêntrico
tendo-se, idealmente, uma frente contrabalançada por outra na vertente oposta
do relevo, como um mecanismo de compensação. Neste caso, resultado semelhante
seria obtido pela abertura de uma trincheira para alívio das tensões. Não obstante, como se sabe, o
desenvolvimento descendente é dificultado na condição dos relevos do tipo
“pão-de-açúcar”, dominantes no noroeste do Espírito Santo e existentes em parte
do nordeste de Minas Gerais. Em tais condições, os flancos dos maciços são
muito inclinados e o desenvolvimento da lavra tem sido efetuado por fatias
verticais na lateral dos relevos. Mais recentemente, em 2016, a abordagem
do assunto constituiu, assim, objeto de uma reunião convocada pela Associação
Noroeste de Pedras Ornamentais (ANPO) e realizada na ABIROCHAS, tendo-se discutido
a realização de estudos e trabalhos técnicos de interesse. Considerou-se
oportuno alinhar três vertentes de aplicação: pesquisa bibliográfica de estudos
efetuados no Brasil e no exterior; contato com profissionais da área de lavra
que tenham vivenciado o problema em suas frentes de trabalho; e, contato com
instituições estrangeiras, sobretudo italianas, que pudessem ter experiência no
assunto. A partir das pesquisas bibliográficas
realizadas, constatou-se que estudos foram realizados na Universidade de São
Paulo (USP), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade federal de
Minas Gerais (UFMG), Instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de São Paulo
(IPT), Universidade Federal de Pernambuco (UFPe), Universidade Estadual do
Norte Fluminense (UENF) e pela Cia. Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM),
dentre outras instituições. Os estudos realizados, focados na tensão de maciços
em geral e não apenas na lavra de rochas ornamentais, valem-se de programas de
modelagem numérica, métodos de determinação de tensão in situ, mecânica das rochas e análise geológico-estrutural.
Observou-se, no entanto, que os seus resultados, na maioria dos casos, não
foram devidamente integrados nem aferidos nas pedreiras. Þ
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Fonte: A importância do estudo de tensões naturais e induzidas na lavra de maciços rochosos
Autor:
Tânia Maria Evangelista
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