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Tempo de demolição

Publicado em 11/09/2011

Quase um ano antes da crise do mercado imobiliário dos EUA se espalhar por todo o mundo, como um eco sombrio do crash de 1929, algumas pessoas receberam um guia com os maiores erros cometidos por investidores no mercado financeiro. Escrito por Kenneth Fisher e distribuído aos clientes de sua empresa, a Fisher Investments, da Califórnia, o documento era profético. Os que seguiram a bula de Fisher hoje podem comemorar por terem sofrido menos com a turbulência que afetou – e ainda afeta – os EUA. Mais do que isso, o receituário continua sendo uma valiosa fonte de informações sobre o que fazer e, especialmente, o que não fazer com seu dinheiro nesse período de carestia financeira. Acompanhe os sete erros mais comuns e como evitá-los, segundo o “credo de Fisher”.

1. SUBESTIMAR O HORIZONTE DE TEMPO PARA SEUS INVESTIMENTOS
As pessoas são muito pessimistas em relação a sua expectativa de vida. A medicina avança a tal velocidade que subestimar o tempo que vamos viver é comum. Essa avaliação, porém, precisa ser feita com cuidado e ser realista. Caso não seja, o dinheiro acumulado por toda a vida pode não durar tanto quanto o investidor.

2. CRIAR UM PORTFÓLIO QUE SEJA INCOMPATÍVEL COM SEU OBJETIVO DE INVESTIMENTO
Há uma curiosa inversão na maioria dos portfólios de investidores. Os que buscam retorno em longo prazo incorporam produtos de baixo risco e retorno, embora possam assumir risco maior, que, ao longo de anos, se dilui. Por outro lado, aqueles que querem retorno a curto prazo abusam dos produtos de risco. Muitas vezes, perdem dinheiro. Avaliar qual o nível de risco mais indicado ao objetivo do investimento é, portanto, fundamental.

3. CONFUNDIR FLUXO DE CAIXA COM RENDA
Fluxo de caixa é o dinheiro para pagar contas e gastos pessoais. Já renda é o ganho com dividendos e juros sobre seus investimentos, sobre os quais há incidência de impostos. O problema é que muita gente quer financiar seus gastos adicionais apenas com a renda, não aceitando mexer no capital principal. Avaliando o resultado após o pagamento de impostos, há casos em que se desfazer de ativos é melhor do que mantê-los em carteira.

4. IGNORAR RISCOS INDIRETOS
Um portfólio diversificado nem sempre é sinônimo de proteção contra riscos. Afinal, dois papéis, mesmo que de empresas e países diferentes, podem ser influenciados igualmente pelo mesmo fator, como uma alta nos juros, ou a queda no preço de uma commodity. O importante é avaliar atentamente os investimentos, para tentar evitar essas ligações indiretas, e um risco não evidente, mas que ainda assim pode causar sérios prejuízos.

5. ESQUECER A IMPORTÂNCIA FUNDAMENTAL DA LEI DA OFERTA E DEMANDA
Ela é uma das leis fundamentais da economia, mas facilmente é esquecida. Com uma miríade de informações, análises e pesquisas, os investidores acabam esquecendo que, inevitavelmente, essa lei exercerá sua influência sobre os preços dos ativos. Em ações, aparentemente é a demanda que está em evidência. No curto prazo, isso é verdade, já que o volume de capital circulante é relativamente estável. No longo prazo, porém, operações de lançamento de ações, desdobramento e agrupamento, podem influenciar também a oferta. Avaliar isso com atenção é, portanto, de suma importância.

6. INVESTIR APENAS COM BASE EM INFORMAÇÕES BEM DIFUNDIDAS
Investir com base em informações que estão acessíveis a todos pode ser um problema. Afinal, o mercado é muito ágil e incorpora ao preço das ações toda e qualquer informação que circula livremente. A saída é saber algo que mais ninguém sabe ou, melhor, deduzir, a partir dessas informações acessíveis a todos, dados que ainda não influenciaram o preço das ações. Para isso, é preciso experiência, pesquisa e disciplina.

7. CONFIAR DEMAIS EM SUAS HABILIDADES DE INVESTIDOR
O ser humano tende, naturalmente, a esquecer seus erros e lembrar apenas de seus sucessos. O mesmo acontece quando erros e sucessos são relativos ao mercado financeiro. O resultado disso é uma confiança exagerada, emocional, e não racional. A solução é simples, embora difícil: se forçar a investir apenas com base em fatos concretos, deixando a emoção de lado.


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