Exportadores não conseguem renovar ACCs, Marcelo Rehder
Publicado em 11/08/2011 A
grande maioria das empresas exportadoras brasileiras não tem conseguido
renovar as operações de Antecipação de Contrato de Câmbio (ACC) feitas
nos últimos 180 dias e agora vencendo. Alegando falta de liquidez,
provocada pela crise financeira internacional, os bancos estrangeiros
têm deixado de emprestar dólares ou euros para os bancos brasileiros
repassarem o equivalente em reais às exportadoras. Sem esse crédito que
é usado para o capital de giro, as empresas não têm como financiar a
produção das exportações futuras.
"Isso é que nem um
conta-gotas: a cada dia afeta mais empresas, agravando a situação", diz
Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações
Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp).
Os ACCs são a modalidades de
financiamento a exportações mais difundidas no mercado. Eles respondem
historicamente por mais da metade do volume de câmbio contratado. O
exportador recebe antecipação, parcial ou total, em moeda nacional do
valor equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada a termo pelo
banco, descontada a uma taxa de juros internacional à qual é somado o
spread que embute o risco da operação. Essa antecipação de recursos
representa importante incentivo à exportação, na medida em que dá meios
ao exportador para custear o processo de industrialização e de
comercialização a taxas inferiores às do mercado doméstico.
"Se ficarmos três meses sem ACCs, a conseqüência será gravíssima nas
exportações brasileiras", ressalta Giannetti da Fonseca. Segundo ele, a
taxa dessas operações, que antes era de 3% a 4% ao ano, hoje está em 9%
a 11%, e só para empresas que oferecem baixíssimo risco de crédito.
Para resolver o problema, a Fiesp propôs na terça-feira ao Banco
Central (BC) usar US$ 20 bilhões das reservas internacionais do País
(hoje em mais de US$ 200 bilhões), para que os bancos brasileiros com
agências no exterior tenham capacidade de reemprestar aos exportadores.
"Isso não representa nenhum risco, pois o BC vai estar correndo o risco
dos bancos, risco que hoje ele já tem de forma sistêmica."
Exportadores não conseguem renovar ACCs, Marcelo Rehder
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